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27 de maio de 2009

A Janela


Certo dia li um texto, enviado por uma amiga. Despertou-me algumas percepções interessantes. Tratava essencialmente sobre as diferentes visões que as pessoas têm sobre os diversos temas que as cercam. Acredito até que já tenha escrito algo sobre isto. Mas o que me chamou a atenção neste texto é a metáfora aplicada usando-se uma janela para exemplificar a forma como cada um enxerga o mundo. As janelas para mim possuem um significado especial. As janelas não são preconceituosas. As janelas não fazem juízo de valor. As janelas não se incomodam se você é rico ou pobre. Talvez morar numa favela, no alto de um morro, seja algo que ninguém deseja. Talvez morar num apartamento grande, num bairro moderno seja o sonho de muitos. A vista de um pode ser o horizonte infinito. A vista do outro pode ser a casa do vizinho a quase um braço de distância. A vista de um pode ser o mar. A vista do outro pode ser um muro. A vista de um pode ser a floresta. A vista do outro pode estar tão cheia de coisas que nem se consegue ver o céu. Na minha cidade, a vista mais bonita é, certamente, do encontro das águas do rio Capibaribe com as águas do oceano Atlântico. Os privilegiados? Os moradores da favela que fica as margens do rio. E no bairro mais rico da cidade a vista de muitos bacanas é o prédio ao lado. O qual também possui uma vista para outro prédio.
Basicamente é através das janelas que enxergamos o nosso mundo exterior. Seja a janela da nossa sala, do nosso escritório, do carro, do ônibus e até do metro subterrâneo. É de onde tiramos nossas conclusões. Mas para isso precisamos, no mínimo, manter as janelas abertas. Uma janela fechada é igual assistir ao cinema com todas as luzes acessas. Você pode até ouvir o que está acontecendo, mas não vai enxergar direito o que se passa. E pior: não tem a menor graça.
Mas uma janela não é suficiente para enxergamos o mundo. É de se imaginar que da sua janela a vista seja diferente da janela do vizinho. Da sua janela você pode ver nuvens no céu e achar que o dia está feio e chuvoso. Já seu vizinho pode ver um pedaço de sol e achar que o dia será lindo e ensolarado. O mais importante é saber que não existe uma visão única. Mesmo que seja da mesma janela. Saber ouvir e perceber o que se passa na sua janela e na janela do vizinho é essencial para melhorar a compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos envolve. Mantenha, portanto, o máximo possível de janelas abertas. Cada uma irá lhe mostrar um rico detalhe do exterior. Mas lembre-se: somente uma janela deverá ter vista pra dentro. É a janela da nossa alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Galego, sua veia de fotógrafo eu já conhecia bem. A foto está o máximo. Mas a de escritor...me surpreendi.Adorei o texto.
Martinha.